Comunidades quilombolas de Pernambuco debatem trabalho infantil durante visita do MPT

O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco visitou a Comunidade Quilombola do Castainho, em Garanhuns, interior do estado, a convite da Secretaria de Educação do município. Na ocasião, as lideranças de seis quilombos locais (Castainho, Tigre, Estrela, Estivas, Timbó e Caluete) discutiram o problema do trabalho precoce na região e possíveis medidas de enfrentamento. Na ocasião, segunda-feira (16), a procuradora do MPT Jailda Pinto esteve presente.

 

Segundo a assessora jurídica da Secretaria de Educação de Garanhuns, Raquelle de Almeida, as comunidades carregam uma tradição muito forte de transmissão de ofícios através das gerações. Por isso, é comum a prática do trabalho infantil.

“O trabalho para a erradicação do problema tem sido constante, mas os resultados só aparecem com o tempo. Muitas vezes o esforço de conscientização esbarra na própria história de exclusão e falta de oportunidades dos quilombolas. A maioria dos adultos aqui trabalha desde a infância. É difícil colocar para essas pessoas a ideia de que a prática deve ser abolida, quando muitas vezes elas não têm outras opções”, afirmou Raquelle.

 

Encontro com líderes quilombolas levou o tema do trabalho infantil para o diálogo nas comunidades
Encontro com líderes quilombolas levou o tema do trabalho infantil para o diálogo nas comunidades

Na ocasião do ciclo de palestras, a procuradora Jailda Pinto ouviu os pontos de vista dos líderes comunitários presentes e em seguida falou sobre as consequências do trabalho infantil como um mal social, destacando a necessidade de que o Estado e as comunidades articulem soluções para o problema. “O trabalho infantil perpetua o ciclo intergeracional da desigualdade. Foi muito gratificante ver que eles entenderam a gravidade do problema e que agora poderão levar o tema para as comunidades”, afirmou.

O líder na Comunidade do Castainho José Carlos Lopes, falou que o trabalho infantil já foi muito mais costumeiro na região. “Há sete anos você via um número bem maior de crianças trabalhando por aqui. Mas hoje em dia, com a escola, elas têm um espaço para estudar e participar de atividades no contraturno, então já é diferente”.

“A escola é uma política pública fundamental na prevenção do trabalho infantil. É quando o Estado se faz presente e oferece às pessoas o mínimo para o rompimento no quadro de perpetuação da pobreza e da exclusão social”, disse Jailda Pinto.