Cinema da 6ª exibe filme e discute as condições de trabalho dos empregados domésticos

Na manhã desta quarta-feira (27), o MPT Integração, motivado pela Semana Nacional de Combate ao Trabalho Escravo, promoveu o primeiro Cinema da 6ª do ano. Durante o encontro, foi exibido o filme “Doméstica”. Dirigida por Gabriel Mascaro, a obra é um copilado de imagens feitas por sete jovens que, durante uma semana, gravaram o cotidiano de suas empregadas domésticas.

A exibição contou com a presença de estagiários, servidores e da procuradora do Trabalho Débora Tito Farias, também titular em Pernambuco da Coordenadoria de Erradicação de Trabalho Escravo (Conaete). O evento, que é aberto a todos que trabalham no Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco, objetiva exibir uma vez ao mês uma produção audiovisual ligada ao mundo do trabalho.

 

 

A procuradora Débora falou sobre os problemas trabalhistas vistos no filme. “Seria muito fácil dizer que é trabalho escravo, mas isso é muito pior. A hipocrisia é muito grande e existe uma naturalização tentando associar [a função de trabalhador doméstico] não como um emprego, mas, sim, uma ajuda. Elas também estranham serem bem tratadas, não se sentem detentoras de direitos. Existem várias sutilezas durante o filme e a gente pode ver além, como a presença de trabalho infantil, abuso, assédio moral e sexual”, disse.

Sobre ter direitos, o servidor Gustavo Bezerra até citou uma frase bem comum no dia a dia das pessoas. “Essa empregada não está mais dando certo, é mais difícil de conviver, de lidar, porque é cheia de direito”, falou, assinalando que, muitas vezes, o fato de saberem dos direitos e os exigerem incomoda os patrões.

Recentemente, inclusive, com a PEC das Domésticas e com a Lei Complementar nº150 de 2015, a categoria teve reconhecido uma série de direitos já disponíveis para os demais trabalhadores.

Além de Gustavo, a servidora Leila Miranda e a diretora Márcia Parga contribuíram para o debate, levantando aspectos da relação de trabalho. "Uma das personagens, que empregou uma colega de infância, fala da dificuldade que foi se 'impor' e isso é muito forte, porque é uma imposição muito direta, como se o outro agora fosse uma coisa que lhe pertencesse e devesse total obdiência", disse Leila. "Eu vi recentemente o A que horas ela volta?, em que já é possível ver a quebra do ciclo de mães e filhas sendo trabalhadoras domésticas", complementou.

Tags: MPT, cinema da 6ª, trabalho doméstico, PEC