MPT lembra 30 anos do desastre de Bophal na Índia e pede banimento de substâncias

Bophal, Índia. Três de dezembro de 1984. Há 30 anos acontecia o acidente que daria causa à lembrança de todo o mundo contra o uso de agrotóxicos. De 27 a 40 toneladas dos gases tóxicos metil isocianato e hidrocianeto, químicos utilizados na elaboração de um praguicida da Corporación Union Carbide, vazaram e se dissiparam pela cidade. Cerca de 30 mil pessoas, oito mil nos três primeiros dias, morreram devido ao acidente e, ainda hoje, estimativas indicam que 150 mil sofrem de doenças crônico-degenerativas causadas pela exposição aos gases letais.

 

Os riscos dos agrotóxicos tem preocupado o Ministério Público do Trabalho (MPT) que, nesta semana em que o acidente completa 30 anos, reforça o pedido de banimento de substância já proibidas em outros, pelo alto perigo que possuem. A preocupação do órgão é proteger diretamente à saúde do trabalho e, indiretamente, à população, exposta aos riscos através de produtos contaminados.

“Os agrotóxicos ameaçam a vida no planeta, são uma questão de saúde pública e de segurança alimentar, por isso reafirmamos que não existe uso seguro dessas substâncias. Vamos combater a ideia de níveis aceitáveis de contaminação dos alimentos, da água e do corpo dos trabalhadores e trabalhadoras”, disse o procurador Regional do Trabalho Pedro Serafim, coordenador de fórum nacional que trata do tema com várias instituições da rede de proteção.

Um dos pontos mais polêmicas está a autorização de uso de substâncias já proibidas em outros países por causarem danos sociais, econômicos e ambientais. Agrotóxicos que foram proibidos em 1985 na União Europeia, Estados Unidos e Canadá ainda são permitidos no Brasil. "A Anvisa diz que tem em andamento um processo de reavaliação de agrotóxicos que já culminou com a retirada ou reenquadramento de alguns produtos no mercado, mas ainda falta muito para estarmos seguros", disse Serafim.

Acidente - A Union Carbide foi posteriormente adquirida pela Dow Química e a região nunca foi plenamente descontaminada, representando até hoje um perigo à população. O desastre químico foi considerado o pior da história e a data foi estabelecida pela Pesticide Action Network (PAN) como o dia internacional do não uso de agrotóxicos. A Dow é hoje uma das seis empresas gigantes do mercado de venenos e sementes transgênicas. Só em 2012 faturou U$ 60 bilhões. Para saber mais, assista: https://www.youtube.com/watch?v=YMhmcbecB9Y&feature=youtu.be

Mobilização - Atividades no Brasil são organizadas pela Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, uma articulação entre diversos movimentos. A campanha foi iniciada há quatro anos, motivada pela mobilização contra os impactos dos agrotóxicos à saúde pública, que atingem diversos territórios e envolvem diferentes grupos populacionais, como trabalhadores rurais, moradores do entorno de fazendas, além de toda a população brasileira, que de um modo ou outro acaba consumindo alimentos contaminados. A posição que o Brasil ocupa desde 2008, como maior consumidor de agrotóxicos do mundo faz com que a mobilização seja ainda mais pertinente.

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